[3.fevereiro.2008]
respirou fundo como quem acorda e tenta apanhar ínfimas partículas de silêncio antes de se entregar à voracidade do dia-a-dia. a casa está escura e as paredes já não são brancas. as infiltrações durante anos seguidos tornaram o branco da esperança e do sonho que começa num amarelo de pobreza. ao centro da sala a secretária de antónio. austera, opaca, de traço direito. ele sempre encontrara a beleza nas coisas mais simples.
deixou a cabeça repousar um pouco mais sobre o tampo da mesa e levantou-se. a um canto, encostado à parede, fuma um cigarro enquanto olha fixamente os papéis espalhados. é a sua vida que ali está. observa aquelas folhas e pensa como numa pequena quantidade de papéis poderia estar toda a sua vida. mas de facto está.
caminhou de volta à cadeira e sentou-se. olhou aquelas palavras e sentiu-se feliz. desta vez conseguira transpor o abismo que tinha construído entre aquilo que era e o que dizia. a sua solidão já não era do tamanho do mundo. agora já não contava nenhuma história como aquelas que lhe deram sustento durante anos e que as pessoas compravam sofregamente na ânsia de se sentirem mais infelizes. estas palavras eram diferentes.
‘para a marta, por tudo aquilo que não soube ser’ escreveu numa folha branca que colocou no topo de todas as outras.
deixou a cabeça repousar um pouco mais sobre o tampo da mesa e levantou-se. a um canto, encostado à parede, fuma um cigarro enquanto olha fixamente os papéis espalhados. é a sua vida que ali está. observa aquelas folhas e pensa como numa pequena quantidade de papéis poderia estar toda a sua vida. mas de facto está.
caminhou de volta à cadeira e sentou-se. olhou aquelas palavras e sentiu-se feliz. desta vez conseguira transpor o abismo que tinha construído entre aquilo que era e o que dizia. a sua solidão já não era do tamanho do mundo. agora já não contava nenhuma história como aquelas que lhe deram sustento durante anos e que as pessoas compravam sofregamente na ânsia de se sentirem mais infelizes. estas palavras eram diferentes.
‘para a marta, por tudo aquilo que não soube ser’ escreveu numa folha branca que colocou no topo de todas as outras.
38 comentários:
Olá:-)
Marta é um lindo nome.
E este texto é o prenúncio de tempos novos e melhores.
soa-me a Milan Kundera, como não sei como acaba, tudo bem. :)
Um texto que transmite tranquilidade: pelas palavras que escolheste, pela pontuação, pelo ritmo certo...
Parabéns pela "casa" nova.
Boa semana. :)
mais um nome bonito, um chão de palavras pisadas.
:)*
um belo começo sem dúvida. *
boa sorte para este novo espacinho.
vou continuar a ler as teus bonitos textos, este para começar pareceu-me bastante bem.
gosto do que escreves e como escreves.
um beijinho *
acho bem
mas quem sou eu para falar de mudança
la continuo com o mesmo blog..que se vai arrastando pelo presente tal como e..
e agora quanto ao texto..
lá vem a criança grande que tem a boca maior de todas e que com um grande sorriso pergunta..
quem é a marta?
ou será que devia ter perguntado no outro blog?
que susto me pregaste ali!! e este título continua a ser fabuloso. :p
um beijinho grande*
sim, parece que não sou só eu a precisar encontrar-me. vamos lá arrumar o passado, pode ser? :)
vim deixar uma palavra.
felicidades neste novo espaço, que, aparentemente, continua a ser de qualidade:)
*
J� gostava do outro blog, e este parece ter potencial para ser tao bom ou melhor que o outro :D
Obrigados pelo elogio..ehe :)
olá :)
continuo a seguir-te por aqui... nesta cidade continuo a rever-me*
Este canto vai ser um dos poucos que vou acompanhar daqui por diante. *
já nem sei como descobri o teu antigo lugar,mas gostava de o visitar. de certo, também aqui vou gostar de vir.
*
como sempre, belas palavras.
Belo recomeço. Mais belo ainda o nome do novo blog :) **
é possivel, visto que estudo na faculdade de letras. =)
novo cantinho?
fiquei curiosa...
parei aqui por acaso, mas pelo o que li, ainda há acasos felizes. gostei.
Um novo começo, um novo caminho. Boa sorte!=)*
o título do blog é verdadeiramente inspirador =)
Obrigada pelo coment...
Não conhecia o teu espaço... vou passar cá mais vezes :)
Não interessa se acabou, continua aqui, adoro este tipo de escrita, prende-me de uma maneira...
Um beijo, por favor continua.***
Parabens...mais uma vez...e obrigado por continuares a escrever.
MJ
sem dúvida esta é uma cidade que visitarei sempre que possa... gosto das palavras (às vezes mais que a própria vida...) e as que escreves são tão simples mas tão cheias de sentido. transportam-me para um mundo, talvez teu, talvez meu... não há silêncio nas palavras, não é? algumas incomodam, outras prendem-nos... estão sempre lá para nos lembrar: foi assim, é assim, será assim... "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." beijinhos pra ti!
um bom renascer...
gostava e continuo a gostar*
cá estou, em viagem, entre o medo e a escuridão e uma cidade chão de palavras pisadas.
*
e a vida continua aqui. e quem entra respira fundo.
abraço.
Olá!
gostei muito desta cidade! estou à espera de novos textos para a visitar novamente! :D
Profundo, sentido, sincero e co gozo!
Gostei e passarei a frequentar!
ele abre as portas
deixa-me curiosa
e depois vai
sem respostas
debbie harry: pois é ( : não sei se será prenúncio de alguma coisa.
gnoveva: a sério? nunca li nada dele mas tomo isso como um excelente elogio. por acaso acaba mal. um dia coloco aqui o resto.
deep: tranquilidade? é interessante que digas isso. sempre que o leio vejo nele mais aceitação que outra coisa. alguma resignação até. mas talvez este extracto dê essa sensação. obrigado.
menina tóxica: o nome foi roubado ( ;
telma: obrigado *
shelyra: muito obrigado shelyra. comentários destes enchem o coração.
hobbes: só se muda quando se precisa. a mudança não é um fim. é um meio. a marta? a marta é a filha. aquela que viu o pai falar de coisas bonitas mas que as deixava à porta de casa. a filha que não viu tudo aquilo que o homem que o pai era prometia ser.
vanessa: obrigado vanessa. só que este não é da minha autoria. agora já está arrumado. neste momento é o presente que precisa arrumação.
rita rente: as palavras não são obrigações que se deixam.
teresa: obrigado teresa. pela força e pelo elogio.
joana: de nada ( ;
rapunzel: e aqui serás bem vinda.
m.r.: menina do nome bonito é bom ouvir-te dizer isso *
r.: a porta está aberta.
cabelos dourados: era bom que assim fosse.
andreia ferreira: (duplamente) obrigado ( : *
escrever não dói: ainda me deves uma resposta : p
phobia: sim. o outro já não me dizia muito.
inês mega: em relação a?
charlotte: não há coincidências. nada acontece por acaso. mas ainda bem que gostaste.
nox: ( : obrigado
rummy: também gosto muito dele. é de um poema do ary.
pequenina: de nada. serás sempre bem vinda.
vanessa lourenço: muito obrigado vanessa. não imaginas a importância que essas palavras têm para mim.
mj: obrigado porquê? quanto muito eu é que agradeço pela força ( :
liliana: e sempre que cá vieres serás bem vinda. já tinha lido essa citação no teu blog mas é sem dúvida uma daquelas verdades que convém trazermos sempre connosco, bem perto do coração. beijo.
joanne: obrigado.
paperdoll: e eu gosto disso.
menina limão: que não te esqueças do caminho ( ;
aida monteiro: deste lado respirar-se mal. o ar parece demasiado denso.
macaw: infelizmente não tenho conseguido escrever muito. e o que escrevo não gosto e acabo por não colocar aqui.
rosana: obrigado pelo elogio. volta quando quiseres.
hobbes: não foi por mal. ainda anda à procura delas.
Muito Bartleby.
dr. strangeluv: *encolhe os ombros e demonstra a sua ignorância por não saber de que estás a falar*
Gostei... de vez em quando tb finjo que escrevo assim...
h4rddtrunk3r: obrigado. e por curiosidade: assim como?
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