a cidade destrói corpos quando não reconhece a unicidade de cada um. sinto-o quando no caminho as pessoas me olham como se soubessem de cor a minha história.
"preocupa-te mais com a tua consciência, do que com a tua reputação. Porque a tua consciência é o que tu és...e a tua reputação é o que os outros pensam de ti. E o que os outros pensam, é problema deles." (einstein). Mas não é preciso ser-se um génio para perceber isto :) se há pessoas que conhecem de cor a história por detrás da vida de outras pessoas e não lhes reconhecem essa unicidade de que falas, então é porque não "Existem", não "Vivem"... sorri quando essas pessoas te olharem como se soubessem de tudo, porque afinal, o iluminado és tu e elas não sabem absolutamente de nada! :) fica bem!
aos olhos da multidão seremos sempre, só e apenas, mais um corpo perdido pelas ruas. só quando essa multidão toma corpo e voz em nós é que temos a hipótese de nos revelar como seres únicos...
Poucos "perdem" o seu tempo a compreender a unicidade de cada um...uns não se interessam minimamente, outros pensam que sabem a história de cada um... mas são raros aqueles que conseguem ver algo nos outros, quando apenas se limitam a olhar. Como disse a Catarina, para a maioria, somos apenas mais um corpo perdido no meio da rua... Frases fortes, gosto. :) Beijinho*
«-It's the sense of touch. -What?. -Any real city, you walk, you know? You brush past people. People bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much that we crash into each other just so we can feel something.» *
A minha história ninguém conhece. Mas eu tenho a mania de querer conhecer a história dos outros, e imagino-me todos os dias na pele alheia. E sinto nesses momentos que até gosto de ser eu própria.
*f.: se olharmos por vezes também negamos a unicidade de quem nos olha.
liliana: essa frase é bem verdade. há uma outra do carlos de oliveira que acho que coloquei neste blog que também fala nisso. na necessidade de vivermos primeiro bem connosco próprios e só depois com os outros. não é preciso ser um génio é verdade mas por vezes a sociedade faz tanto barulho que entender esses principios simples torna-se uma missão muito complicada. mas eu não quero ser iluminado, não quero sentir-me melhor do que elas por não saberem algo. quero que elas também saibam. só tenho a ganhar com isso.
catarina: já reparaste que num modelo de sociedade que reconhece o individuo enquanto força máxima de expressão social é nele que mais é negada a existência da individualidade de cada um.
menina tóxica: cada vez mais sinto isso como comportamento geral. já não somos individuos, somos reflexos de esteriótipos.
hannah: se as pessoas se dispusessem a ver em vez de olhar tudo seria mais fácil.
telma: precisamente. ninguém quer saber de ninguém, ninguém procura saber de ninguém mas cada vez mais sentem que precisam de mudar, do contacto humano muito para além do banal.
h4rddrunk3r: se já dificil para nos conhecermo-nos a nós próprios ainda mais dificil é para alguém conhecer a nossa história. talvez por isso a necessidade constante das pessoas em nos construir de dentro delas, com base nas suas suposições e 'instinto'.
menina limão: (:
debbie harry: não há uma história igual.
carla sousa: é tão mas tão isso. não preciso dizer nada. sabes bem do que estou a falar (:
rummy: mas deviam conhecer essas histórias. pessoas que partilham o mesmo prédio durante anos, a mesma rua, a mesma cidade. nascidas na mesma epoca histórica e simplesmente ninguém se dá ao trabalhar de querer entender a pessoa que vive ao lado.
improvisosimprevistos: acho perfeitamente legítimo que se procure nos outros pontos em comuns pois é uma coisa muito boa sentir que há pessoas a vibrarem na mesma frequência e permite conhecermo-nos melhor (:
joanne: é mesmo. hoje há por ai muitos camaleões. é difícil sermos da cor que realmente somos.
Essa noção de cidade que esmaga e que é indiferente ao indivíduo já não se restringe ao espaço cidade - este conceito pode estender-se a qualquer espaço humanizado. Ainda há dias me dava conta de como as pessoas são cada vez menos espontâneas e genuínas nos gestos e nos sorrisos, porque conceberam, sabe-se lá vindo de onde, um estereotipo das pessoas às quais poderiam dirigi-los.
deep: sem dúvida. esta suposta globalização e democratização à informação, cultura, etc, que parece ter suprimido o isolamento do campo em relação à cidade mais não fez que quebrar a solidão do primeiro para o englobar na solidão individual do mundo moderno. e essa questão da (falta de) espontaneidade também a sinto e essa incapacidade de identificar de ondem vêem as normas e valores que nos regem é muito comum em sociedades de controlo (há alguns filosofos que falam nisso) e é algo muito interessante.
homens que são como lugares mal situados homens que são como casas saqueadas que são como sítios fora dos mapas como pedras fora do chão como crianças órfãs homens agitados sem bússola onde repousem
homens que são como fronteiras invadidas que são como caminhos barricados homens que querem passar pelos atalhos sufocados homens sulfatados por todos os destinos desempregados das suas vidas
homens que são como a negação das estratégias que são como os esconderijos dos contrabandistas homens encarcerados abrindo-se com facas
homens que são como danos irreparáveis homens que são sobreviventes vivos homens que são sítios desviados do lugar
20 comentários:
E se olharmos de volta?
"preocupa-te mais com a tua consciência, do que com a tua reputação. Porque a tua consciência é o que tu és...e a tua reputação é o que os outros pensam de ti. E o que os outros pensam, é problema deles." (einstein).
Mas não é preciso ser-se um génio para perceber isto :) se há pessoas que conhecem de cor a história por detrás da vida de outras pessoas e não lhes reconhecem essa unicidade de que falas, então é porque não "Existem", não "Vivem"... sorri quando essas pessoas te olharem como se soubessem de tudo, porque afinal, o iluminado és tu e elas não sabem absolutamente de nada! :) fica bem!
aos olhos da multidão seremos sempre, só e apenas, mais um corpo perdido pelas ruas. só quando essa multidão toma corpo e voz em nós é que temos a hipótese de nos revelar como seres únicos...
quantas vezes não ando pelas ruas e sinto isso.
palavras bonitas*
Poucos "perdem" o seu tempo a compreender a unicidade de cada um...uns não se interessam minimamente, outros pensam que sabem a história de cada um... mas são raros aqueles que conseguem ver algo nos outros, quando apenas se limitam a olhar. Como disse a Catarina, para a maioria, somos apenas mais um corpo perdido no meio da rua... Frases fortes, gosto. :) Beijinho*
i know that feeling.
e isto fez-me lembrar 'isto',
«-It's the sense of touch.
-What?.
-Any real city, you walk, you know? You brush past people. People bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much that we crash into each other just so we can feel something.» *
A minha história ninguém conhece. Mas eu tenho a mania de querer conhecer a história dos outros, e imagino-me todos os dias na pele alheia. E sinto nesses momentos que até gosto de ser eu própria.
(sim)
Deve ser por as histórias serem todas bastante parecidas. É por isso que não acredito em solidão.
Isso acontece com aqueles que não sabem ainda olhar para eles mesmos...
*
podem saber. podem julgar que as sabem.
mas não sonham as histórias que queremos escrever.
mas é assustador pensar que, num olhar, conseguem sintetizar a essência de uma pessoa.
*f.: se olharmos por vezes também negamos a unicidade de quem nos olha.
liliana: essa frase é bem verdade. há uma outra do carlos de oliveira que acho que coloquei neste blog que também fala nisso. na necessidade de vivermos primeiro bem connosco próprios e só depois com os outros.
não é preciso ser um génio é verdade mas por vezes a sociedade faz tanto barulho que entender esses principios simples torna-se uma missão muito complicada.
mas eu não quero ser iluminado, não quero sentir-me melhor do que elas por não saberem algo. quero que elas também saibam. só tenho a ganhar com isso.
catarina: já reparaste que num modelo de sociedade que reconhece o individuo enquanto força máxima de expressão social é nele que mais é negada a existência da individualidade de cada um.
menina tóxica: cada vez mais sinto isso como comportamento geral. já não somos individuos, somos reflexos de esteriótipos.
hannah: se as pessoas se dispusessem a ver em vez de olhar tudo seria mais fácil.
telma: precisamente. ninguém quer saber de ninguém, ninguém procura saber de ninguém mas cada vez mais sentem que precisam de mudar, do contacto humano muito para além do banal.
h4rddrunk3r: se já dificil para nos conhecermo-nos a nós próprios ainda mais dificil é para alguém conhecer a nossa história. talvez por isso a necessidade constante das pessoas em nos construir de dentro delas, com base nas suas suposições e 'instinto'.
menina limão: (:
debbie harry: não há uma história igual.
carla sousa: é tão mas tão isso. não preciso dizer nada. sabes bem do que estou a falar (:
rummy: mas deviam conhecer essas histórias. pessoas que partilham o mesmo prédio durante anos, a mesma rua, a mesma cidade. nascidas na mesma epoca histórica e simplesmente ninguém se dá ao trabalhar de querer entender a pessoa que vive ao lado.
Há também quem olhe, procurando a sua própria história, o seu próprio corpo, a sua própria vida...
Muito muito bonito. Dificil ser transparente.
Verdade...
Bonitas, os tuas palavras :)
improvisosimprevistos: acho perfeitamente legítimo que se procure nos outros pontos em comuns pois é uma coisa muito boa sentir que há pessoas a vibrarem na mesma frequência e permite conhecermo-nos melhor (:
joanne: é mesmo. hoje há por ai muitos camaleões. é difícil sermos da cor que realmente somos.
anya: obrigado (:
Essa noção de cidade que esmaga e que é indiferente ao indivíduo já não se restringe ao espaço cidade - este conceito pode estender-se a qualquer espaço humanizado.
Ainda há dias me dava conta de como as pessoas são cada vez menos espontâneas e genuínas nos gestos e nos sorrisos, porque conceberam, sabe-se lá vindo de onde, um estereotipo das pessoas às quais poderiam dirigi-los.
deep: sem dúvida. esta suposta globalização e democratização à informação, cultura, etc, que parece ter suprimido o isolamento do campo em relação à cidade mais não fez que quebrar a solidão do primeiro para o englobar na solidão individual do mundo moderno. e essa questão da (falta de) espontaneidade também a sinto e essa incapacidade de identificar de ondem vêem as normas e valores que nos regem é muito comum em sociedades de controlo (há alguns filosofos que falam nisso) e é algo muito interessante.
O que nos faz ter um olhar de quem sabe sempre mais é saber por dentro que eles estão redondamente enganados. Mesmo.
(porque nem nós conhecemos a nossa história ; ))
*
m.r.: saber mais é sempre relativo e preferia que não tivessem redondamente enganados.
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