[14.abril.2008]

a cidade destrói corpos quando não reconhece a unicidade de cada um. sinto-o quando no caminho as pessoas me olham como se soubessem de cor a minha história.

20 comentários:

Filipa disse...

E se olharmos de volta?

Unknown disse...

"preocupa-te mais com a tua consciência, do que com a tua reputação. Porque a tua consciência é o que tu és...e a tua reputação é o que os outros pensam de ti. E o que os outros pensam, é problema deles." (einstein).
Mas não é preciso ser-se um génio para perceber isto :) se há pessoas que conhecem de cor a história por detrás da vida de outras pessoas e não lhes reconhecem essa unicidade de que falas, então é porque não "Existem", não "Vivem"... sorri quando essas pessoas te olharem como se soubessem de tudo, porque afinal, o iluminado és tu e elas não sabem absolutamente de nada! :) fica bem!

c. disse...

aos olhos da multidão seremos sempre, só e apenas, mais um corpo perdido pelas ruas. só quando essa multidão toma corpo e voz em nós é que temos a hipótese de nos revelar como seres únicos...

menina tóxica disse...

quantas vezes não ando pelas ruas e sinto isso.
palavras bonitas*

Anónimo disse...

Poucos "perdem" o seu tempo a compreender a unicidade de cada um...uns não se interessam minimamente, outros pensam que sabem a história de cada um... mas são raros aqueles que conseguem ver algo nos outros, quando apenas se limitam a olhar. Como disse a Catarina, para a maioria, somos apenas mais um corpo perdido no meio da rua... Frases fortes, gosto. :) Beijinho*

telma disse...

i know that feeling.

e isto fez-me lembrar 'isto',

«-It's the sense of touch.
-What?.
-Any real city, you walk, you know? You brush past people. People bump into you. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much that we crash into each other just so we can feel something.» *

pegueitrinquei disse...

A minha história ninguém conhece. Mas eu tenho a mania de querer conhecer a história dos outros, e imagino-me todos os dias na pele alheia. E sinto nesses momentos que até gosto de ser eu própria.

Menina Limão disse...

(sim)

Joana Amoêdo disse...

Deve ser por as histórias serem todas bastante parecidas. É por isso que não acredito em solidão.

Carla Sousa disse...

Isso acontece com aqueles que não sabem ainda olhar para eles mesmos...
*

rummy_ disse...

podem saber. podem julgar que as sabem.

mas não sonham as histórias que queremos escrever.

mas é assustador pensar que, num olhar, conseguem sintetizar a essência de uma pessoa.

s. disse...

*f.: se olharmos por vezes também negamos a unicidade de quem nos olha.

liliana: essa frase é bem verdade. há uma outra do carlos de oliveira que acho que coloquei neste blog que também fala nisso. na necessidade de vivermos primeiro bem connosco próprios e só depois com os outros.
não é preciso ser um génio é verdade mas por vezes a sociedade faz tanto barulho que entender esses principios simples torna-se uma missão muito complicada.
mas eu não quero ser iluminado, não quero sentir-me melhor do que elas por não saberem algo. quero que elas também saibam. só tenho a ganhar com isso.

catarina: já reparaste que num modelo de sociedade que reconhece o individuo enquanto força máxima de expressão social é nele que mais é negada a existência da individualidade de cada um.

menina tóxica: cada vez mais sinto isso como comportamento geral. já não somos individuos, somos reflexos de esteriótipos.

hannah: se as pessoas se dispusessem a ver em vez de olhar tudo seria mais fácil.

telma: precisamente. ninguém quer saber de ninguém, ninguém procura saber de ninguém mas cada vez mais sentem que precisam de mudar, do contacto humano muito para além do banal.

h4rddrunk3r: se já dificil para nos conhecermo-nos a nós próprios ainda mais dificil é para alguém conhecer a nossa história. talvez por isso a necessidade constante das pessoas em nos construir de dentro delas, com base nas suas suposições e 'instinto'.

menina limão: (:

debbie harry: não há uma história igual.

carla sousa: é tão mas tão isso. não preciso dizer nada. sabes bem do que estou a falar (:

rummy: mas deviam conhecer essas histórias. pessoas que partilham o mesmo prédio durante anos, a mesma rua, a mesma cidade. nascidas na mesma epoca histórica e simplesmente ninguém se dá ao trabalhar de querer entender a pessoa que vive ao lado.

Anónimo disse...

Há também quem olhe, procurando a sua própria história, o seu próprio corpo, a sua própria vida...

Joanne disse...

Muito muito bonito. Dificil ser transparente.

anya disse...

Verdade...
Bonitas, os tuas palavras :)

s. disse...

improvisosimprevistos: acho perfeitamente legítimo que se procure nos outros pontos em comuns pois é uma coisa muito boa sentir que há pessoas a vibrarem na mesma frequência e permite conhecermo-nos melhor (:

joanne: é mesmo. hoje há por ai muitos camaleões. é difícil sermos da cor que realmente somos.

anya: obrigado (:

deep disse...

Essa noção de cidade que esmaga e que é indiferente ao indivíduo já não se restringe ao espaço cidade - este conceito pode estender-se a qualquer espaço humanizado.
Ainda há dias me dava conta de como as pessoas são cada vez menos espontâneas e genuínas nos gestos e nos sorrisos, porque conceberam, sabe-se lá vindo de onde, um estereotipo das pessoas às quais poderiam dirigi-los.

s. disse...

deep: sem dúvida. esta suposta globalização e democratização à informação, cultura, etc, que parece ter suprimido o isolamento do campo em relação à cidade mais não fez que quebrar a solidão do primeiro para o englobar na solidão individual do mundo moderno. e essa questão da (falta de) espontaneidade também a sinto e essa incapacidade de identificar de ondem vêem as normas e valores que nos regem é muito comum em sociedades de controlo (há alguns filosofos que falam nisso) e é algo muito interessante.

Maria disse...

O que nos faz ter um olhar de quem sabe sempre mais é saber por dentro que eles estão redondamente enganados. Mesmo.


(porque nem nós conhecemos a nossa história ; ))

*

s. disse...

m.r.: saber mais é sempre relativo e preferia que não tivessem redondamente enganados.